segunda-feira, 21 de março de 2011

O vôo do corvo


Estou morrendo, e quando se morre, morre-se sozinho. Isolei-me do mundo.
É um processo lento e doloroso, encarar-me no espelho, e me ver por inteiro,contemplar minhas misérias e perceber que meu rosto trás marcas e que meu coração se encontra cheio de cicatrizes, e que algumas ainda sangram. Marcas de que vivi, amei e consequentemente sofri.
Quando se esta morrendo o mundo se torna mais vivo, porque tomamos consciência de que é a ultima vez que veremos o pôr-do-sol, o sorriso de um amigo ou o aroma de café fresco, sinais imperceptíveis ao olhar de quem acredita ter todo o tempo do mundo para viver!
Com a morte próxima passamos a nos olharmos frente a frente, sem mascaras e não afastamos nem escondemos nosso lado sombrio, acolhemos e entendemos que ele é também parte nossa e portanto temos que encará-lo sem medo, sem culpa nem magoa.
Morro todo o dia, para ressurgir melhor.

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