segunda-feira, 21 de março de 2011

Do inimaginável desejo de liberdade



A capela era pequena, apenas seis cadeiras rústicas dispostas em círculos, um altar talhado em madeira maciça, o sacrário do lado direito com uma lâmpada que jamais se apagava. Duas janelas com molduras de madeira permaneciam fechadas atrás do altar.
Sentados e absortos em seus pensamentos cinco rostos inexpressivos permaneciam imóveis enquanto uma sexta pessoa lia num tom monocórdio algo que ninguém saberia explicar ao certo; as palavras saiam e ricocheteavam no vazio das paredes pairando desconexas no ar.
Em uma dessas cadeiras um jovem olhava insistentemente pela janela. Tinha uma basta cabeleira de um preto retinto e os olhos cor de âmbar, usava uma jaqueta vermelha e uma calça cinza. Observava a chuva que caía e o bosque que se erguia imponente atrás da vidraça. Uma águia cortou o céu cinzento voando graciosamente em movimentos languidos. De repente o jovem sentiu o desejo incontrolável de ser livre, de voar! Levantou-se da cadeira, tirou a jaqueta vermelha, a blusa verde musgo, a camiseta e o tênis. Nesse momento todos os olhos voltavam-se para ele sem compreender ao certo o que estava acontecendo, podia ouvir o som da respirações.
O jovem caminhou até a janela abriu e pulou; tudo foi muito rápido, apenas a queda, e o silencio foi cortado por o ruflar de enormes asas de um cinza azulado. Todos o observaram sumindo no vazio do céu confundindo-se com o cinza nublado daquele dia de inverno, e do jovem, restou apenas a jaqueta vermelha jogada na cadeira e os rostos boquiabertos daqueles que presenciaram, mas ainda não creditavam no que seus olhos havia acabado de ver.

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